arqueologia

Apesar de ter vários sítios, existência de dinossauros é quase esquecida em Santa Maria

Marcos Fonseca

Foto: Reprodução
Representação de uma preguiça gigante, uma das espécies pré-históricas que habitaram a região de Santa Maria

Santa Maria conta com 27 sítios de fósseis, mas a existência é quase esquecida pela população.

Segundo o geólogo Michel Godoy, o objetivo do estudo do Programa Geologia do Brasil não é prejudicar o desenvolvimento econômico de Santa Maria. A intenção é mostrar à sociedade sobre a existência dos sítios paleontológicos em diversos pontos do município, e pedir que poder público e a população ajudem a preservá-los.

A construção de um edifício pode revelar a presença de um desses sítios. O geólogo ressalta que isso não impedirá que a obra continue. O que os especialistas buscam é que paleontólogos possam acompanhar as construções a fim de identificar a presença dos fósseis e fazer a coleta para pesquisa.

Saiba onde ficam os 27 sítios de fósseis de Santa Maria

Esse trabalho é feito rotineiramente pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), bem como por especialistas de outras instituições de ensino. Mas Godoy afirma que pode ser ampliado, com a ajuda da comunidade.

- Não queremos desapropriar nenhuma área, mas que a prefeitura e os proprietários ajudem a preservar (os sítios de fósseis) - destaca o geólogo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

Em 2014, um paleontólogo acompanhou as escavações para as obras de duplicação da ERS-509, a Faixa Velha de Camobi. No traçado da rodovia, há pelo menos três sítios paleontológicos.

Foi no sítio Sanga Grande da Alemoa, nas região do Bairro São José (veja a localização dos sítio no mapa da página 20), às margens da Faixa Velha, que foram descobertos, em 1935, ossos do Estauricossauro (Staurikosaurus pricei), um dos mais antigos dinossauros do período Triássico achados no Brasil.

INVESTIMENTO

Foto: Claudio Vaz (Arquivo Diário)
O Cemitério Ecumênico Municipal, o maior da cidade, foi construído sobre um sítio de fósseis

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Ewerton Falk, admite que Santa Maria não explora seu potencial paleontológico. Não há quase nada que lembre essa característica local. Ele observa que, em muitos casos, há medo de que a descoberta de um sítio possa inviabilizar obras e desvalorizar áreas particulares.

Junto com especialistas da UFSM, a prefeitura quer se voltar a esse segumento turístico a partir de 2019.

- Podemos mostrar que essas áreas terão interesse econômico - antecipa Falk.

Atualmente, Santa Maria tem maior foco no turismo de eventos e religioso, que atrai milhares de visitantes, todos os anos, para o Coração do Estado.

POR DENTRO DO ESTUDO

  • O Programa Geologia do Brasil (PGB), desenvolvido pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), é responsável pela retomada em larga escala dos levantamentos geológicos básicos do país. O programa tem por objetivo fornecer subsídios para novos investimentos em pesquisa mineral e para a criação de novos empreendimentos mineiros. Além disso, os dados obtidos podem ser utilizados em ações de gestão
  • O mapeamento geológico de Santa Maria, intitulado "Geologia e Recursos Minerais da Folha Santa Maria", foi realizado entre 2012 e 2016. Foram percorridos cerca de 3 mil quilômetros dentro do município com a finalidade de obter dados que contribuam para o entendimento da geologia e estratigrafia da região central do Rio Grande do Sul. Na região mapeada, destaca-se o conteúdo do período Triássico (entre 200 milhões e 250 milhões de anos atrás), que está atrelado ao grande potencial geocientífico e geoturístico da região. As rochas do Triássico no Estado se estendem de Santa Cruz do Sul até Mata, margeando mais de 230 quilômetros das rodovias RSC-287 e BR-287
  • A existência do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), em São João do Polêsine, é destacado no estudo como importante para as pesquisas na região, com ações de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de paleontologia e geologia. Segundo a pesquisa, a região de Santa Maria possui importância para as pesquisas do período Triássico mundial pelo seu conteúdo fossilífero. Para os pesquisadores, o sítio Sanga do Mato, no Bairro São José, deveria receber prioridade de conservação, pois é um afloramento de fóseis muito visitado por estudantes

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